As imagens mostram trechos de provas feitas por alunos de graduação em psicologia.
Poderiam ilustram quais situações, além de serem evidências de analfabetismo funcional?
Podem ilustrar a ingenuidade das instituições, ao acreditar que é possível colocar tais profissionais no mercado de trabalho, pois supõem que eles aprenderiam com a prática. A prática de tais profissionais é a do psicólogo que diagnostica como TDAH aquilo que é apenas má educação. Que sabe aplicar os questionários para diagnosticar a razão de o aluno fracassar a partir de questionários com onze perguntas.
Seria ingênuo acreditar que tais alunos, que iniciam assim as suas graduações, possam chegar à metade do curso lendo Piaget ou Jung. Não lerão, não apenas porque nunca lhes será pedido, mas porque o analfabetismo funcional implica na incompreensão daquilo que se lê.
Os exemplos acima são abundantes. O aluno que, em três linhas, escreve o que seria "a partir" de dois modos diferentes evidencia não apenas despreparo, mas falta de atenção, descaso com a atividade, que nem chegou a revisar, além de uma falta gritante de ordenamento do próprio pensamento. A falta de métodos para escrever e pensar está relacionada à incompreensão dos sentidos. Mas também do código. Não há fundo nem forma.
Não se detecta nem a habilidade de escrever nem a de emitir sentidos. Apenas chavões emitidos numa escrita de aluno em fase de alfabetização. Como se o professor tivesse levado tais provas a uma turma de terceiro ano. Nem sequer os nomes próprios foram escritos com maiúsculas, na maioria dos casos. O aluno copia errado até mesmo o nome do livro que comenta. E seu comentário é feito de frases em que as palavras não formam sequência nem sentido. O que ele quer dizer com "O texto reçalta do livro (...) em utilizar palavras com desumanização"?
A escandalosa falta de conhecimentos de escrita resulta em frases infantilizadas, em trechos como "Adultos esses mesmo que deveria dificultar o acesso ao uso do tabaco (...)", em que a concordância é típica da oralidade. O aluno parece não ter contato com a escrita formal. Certamente chegou à graduação sem nunca ter lido senão trechos esparsos.
O que poderia ser "expondendo"? O que faz a frase "por ser populosa" no trecho? O aluno troca as vogais, o que nem se pode ver como problema originado por dificuldade ortográfica. O que pode haver de complexo na palavra "mina", fora o descaso que levou o aluno a chegar à universidade sem reconhecer vogais?
O trecho em que o aluno escreve sobre ter começado a fumar evidencia que a escrita é, para ele, apenas uma tentativa de tentar grafar a sua própria fala informal, sem nenhuma intenção de produzir um gênero textual ou de adequar-se às normas da variante padrão. É apenas uma série de repetições de frases, como num desabafo em meio ao grupo que fuma junto com ele, no pátio. "Comessei a fumar, fumano" é um exemplo desse analfabetismo, que já não é apenas funcional, mas, ostensivamente, um esforço por tentar grafar uma fala que também não conhece as variações da linguagem. É apenas a linguagem doméstica, que desconhece as exigências da adequação linguística, mesmo quando na forma oral.
Assustador. Repulsivo. Amedrontador. Daqui a alguns meses, esses graduandos estarão avaliando sintomas de alunos, emitindo laudos, sendo colocados para cuidar daqueles mais problemáticos. É fácil imaginar uma psicóloga assim formada "batendo um papo maneiro" com o aluno que está descobrindo os prazeres do tabaco. E dizer: "Eu cheguei até aqui sem nunca ter precisado aprender nada dessas coisas que querem que você estude. Pra que ficar cobrando essas coisas?"
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