Os duas imagens se referem a trabalhos feitos por alunos de licenciatura em letras, já em meio de curso.
O desconhecimento dos princípios da língua portuguesa, que alguns já ensinam como professores temporários em escolas públicas, fica evidente. Desconhecer o uso do verbo "haver" pode parecer apenas mais um erro recorrente dessas gerações que saem das redes sociais paras as universidades privadas. Mas o aluno vai além: o que ele diz é apenas uma séria de frases soltas, sem relação com tema ou com o gênero textual. O que ele quer dizer com "participação especial em cada época de sua existência"? Poderiam não ter nenhuma participação em épocas quaisquer de suas existências? É uma frase de um adulto ou de um pré-adolescente? Mas é alguém que, no ano seguinte, estará com seu diploma de licenciado em língua portuguesa. É uma conclusão de trabalho. Quatro linhas ou menos, sem nenhuma formatação.
O segundo exemplo é de um resumo de um trabalho sobre escritores latinos. O mesmo desconhecimento acerbo da língua portuguesa. O aluno usa "ambos" para se referir a uma série de autores. Não conhece acentuação. Nem concordância verbal. Em que tempo está "contemplara"? Esses autores têm "uma certa influencia aos estudiosos clássicos"? O que são "estudiosos clássicos"? De onde veio essa regência? Não parece a escrita de um adulto.
São exemplos do que hoje é encontrado em cursos de letras. Imaginar tais alunos, já formados, preparando seus alunos para o Enem, é um belo exercício de indignação prévia. Alguns já fazem isso, como temporários. Seus alunos talvez acabem em cursos com esse mesmo nível de exigência. É uma circularidade evidente. Instituições que vivem de alunos que prepararão, como professores, novos alunos para elas.
São alunos de cursos de letras. Ou seja, sentem-se vocacionados para as tais. O que seria a escrita de alunos de outros cursos de licenciatura?
Quem for às escolas públicas e ler os documentos que tais professores preparam, já formados, compreenderá muitas das razões para absurdos como os que seguem abaixo.
O desconhecimento do que constitui cada proposta curricular, de qualquer metodologia, e até de princípios de coesão, ou de regras sobre uso de letras maiúsculas, é uma consequência da formação desses alunos. Mas, evidentemente, também é uma opção pessoal, daquele que, enquanto aluno, se recusava a adquirir habilidades e que, depois de formado, sentiu um grande alívio por ter passado incólume pelos cursos de licenciatura. E não vê motivos para mudar essa situação.
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