Era assim.
Este arquivo levou poucos minutos para viajar mais de quarenta anos no tempo, e voltar aos tempos em que o professor passava a Semana da Pátria cantando "Este é um país que vai pra frente", e fazia uma defesa apaixonada do fato de generais terem diplomas e o povo não ter estudo algum. Foi uma pessoa assim que fez as propostas curriculares da área de línguas da escola para a qual esta aberração acima foi feita. Aos sábados, ela pegava uma Kombi e ia para uma faculdade que dava presença a todos que pagavam a mensalidade. Hoje ela conspira contra o conhecimento científico. E faz com que adolescentes chamem essas besteiras de avaliação, mesmo a ciência não as considerando como tal. Mesmo as leis federais e estaduais insistindo para que a escola supere aquela fase obscura. Eles ainda vivem lá. O adolescente que pega o dinheiro da mãe para pagar trabalhos e a professora que, há quarenta anos, comprou o diploma em 36 vezes. Mas foi menos vezes que isso à faculdade. (E os professores universitários que gastam a vida tentando mudar a realidade ficam todos com cara de palhaço, diante da indiferença dos perfeitos-idiotas para com o conhecimento. Faz pensar na professora de Metodologia de Língua Inglesa da UEL, que uma vez caiu em prantos no III CELLI, na UEM, porque graças às pesquisas com um grupo de professores (Uau!), os alunos de uma escola de Cambé melhoraram imensamente os conhecimentos de inglês. Enquanto isso, professores, alunos e pais de outra galáxia fazem dessa aberração um sistema de avaliação. Avaliação de quê? Que São Paulo Freire chore muito no Paraíso, mas não terá muitos professores com que conversar.)
Nestes tempos, o aluno que fez isto aí acima e vive no governo Geisel jamais viajaria cem quilômetros para ir a uma faculdade. O sistema já é feito para que ele possa, na aula em que essa prova cabal de que os professores não são capacitados foi feita, gastar pelo menos vinte minutos no seu Twitter. Por isso, amanhã os perfeitos-idiotas latino-americanos daqui vão poder cantar: "Este é um país que vai pra frente..." E ver que essa bobagem, que não corresponde a nenhuma habilidade linguística, deu três pontos ao aluno. Como nosso sistema escolar funciona! Tal como os educadores de quarenta anos atrás, os de hoje também têm a etiqueta de preço debaixo da fitinha verde-amarela.
Penso naquela professora, a que mandou fazer o certificado na hora do leilão de aulas. Daqui a pouco ela desfilará orgulhosa do país que está ajudando a construir, com os alunos que ensaiou. Essa história do "é desonesto mas faz" começou naqueles tempos da provinha copiada acima. Mas vai ser difícil terminar.
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