Um aluno para o qual dava aulas em 2010 me dizia, alguns
dias atrás, que está em férias há dois meses e que só voltará às aulas em
setembro. Também me disse que, na sua escola, os alunos têm duas semanas sem
aula a cada dois meses letivos.
Esse aluno conversava comigo pela internet. Dizia que eram
quase onze horas da noite lá onde mora, mas ainda havia luz do dia.
Ele não mora no Brasil, mas em Paris. Trabalhei com ele no
interior do estado, mas ele vinha de Curitiba. Tinha uma imensa vergonha de
dizer que estudara em uma escola do Cajuru. A mãe já morava na França. No ano
passado, ele foi morar lá. Estuda em uma sala de adaptação, entre alunos vindos
da África e do leste asiático. Aprendeu o francês, e já vai estudar em uma
turma regular.
Tudo normal: as pessoas estudam e aprendem. Mesmo as que
fugiram da miséria, de guerras civis, de perseguições religiosas. Por isso, os
alunos podem passar meses longe da escola. Ele tem dias de tempo integral, mas
em outros passa apenas três horas estudando. Os alunos aprendem, mesmo os que
chegam de países com péssima qualidade de ensino. Por isso, podem desperdiçar
meses em férias de verão. Algo muito mais cultural que econômico, não resta
dúvida.
Há pouco, eu lia uma coluna publicada pelo sindicato dos
professores do Paraná, em que se culpa apenas o sistema capitalista pelo
fracasso da educação brasileira. Todos estariam apenas em uma condição passiva,
esperando a igualdade socialista para se planejar um ensino eficiente. A
crítica era dirigida pelo sindicato ao Ideb. Criticar a sociedade capitalista
como culpada pelo fracasso da educação brasileira é uma atitude típica, está no
livro Escola e democracia, de
Saviani. Ela evita que se busquem modelos efetivos de superação do fracasso,
como esses alunos lá da escola francesa em que meu estimado aluno agora estuda.
E faz com que as soluções pedagógicas, científicas, baseadas em métodos, não
existam. Enquanto isso, os sistemas de avaliação, como o Ideb, dizem que as
diferenças entre as escolas localizadas em áreas mais ricas ou mais pobres são
só um detalhe, que é preciso olhar sim para as diferenças entre as escolas de
áreas semelhantes. Se a média da escola de periferia em português é 120 e a da escola
rica, 200, é natural. Uma não vai alcançar a outra. Outra forma de se dizer que
o aluno de áreas pobres só poderá ter um ensino de qualidade um dia, no futuro,
quando essas diferenças sociais estiverem superadas.
E ainda dizem que as avaliações oficiais só olham para a
preparação para o mercado de trabalho! Haja paciência!
Acabei de ver que tens outo blog e achei bem interessante o tema lá!
ResponderExcluirVim ainda agradecer o carinho lá no NENO, meu netinho e dizer que adorei a indicação daquele site.
Tem imagens lindas e usarei(sempre com os devidos créditos) conforme aparecerem minhas inspirações.
abraços,tudo de bom,chica
( Neno está na escola e tem pouco tempo para o computador. Ainda prefiro que nas horas vagas, brinque, corra, poule mesmo no apto. PC só de vez em quando e ele adora... Mas tem sempre muitos temas , fica a manhã empenhado!! Estuda à tarde!)
Não. O outro blog é de um professor de ciências, que pediu que eu colaborasse. Aquele site é interessante, principalmente alguns pintores realistas recentes. Eles fazem um trabalho muito parecido com a minha pintura. Eu também acho brincar mais interessante que a internet. E vocês moram em uma cidade adorável.
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