Enquanto eu fico aqui escrevendo meu projeto de pesquisa de
pós-doutorado, já aceito pela universidade, penso no quanto isso significa de
repúdio por parte da escola pública. Talvez um pós-doutorado represente a
impossibilidade de trabalhar no ensino básico. Aqui, todo dinheiro gasto desde
1994 pelo então governador com capacitação, e que veio sendo levado a cabo nas
últimas décadas, tudo isso morre nas mãos de gestores, mas sobretudo nas mãos
da figura da pedagoga. Nenhuma conhece nada além das fases de Piaget. Mas é a
elas que a escola dá a tarefa de regulamentar o ensino. O que se veem são
regimentos inconstitucionais e propostas curriculares elaboradas pelo amante da
Muricy, de Avenida Brasil. Nenhum
princípio científico compreendido. Nada. Minhas alunas de magistério, pelo
menos, liam Saviani e Freire. Elas, nada. A expressão “sei lá” é tão recorrente
em suas falas como o “daí” dos alunos de quinta série E o “sei lá” de uma
pedagoga significa “não sei, não quero saber, e não considero importante para o
que penso que seja uma escola”. Nem que seja constituição.
O conhecimento científico tem precisado morrer, para que a
escola pública sobreviva. Matar esse conhecimento tem sido uma tarefa muito bem
executada nas escolas.
Penso na imagem que um aluno de uma escola em que trabalhei
postou esses dias no Facebook. Um grupo de cerca de vinte jovens agachados, com
garrafas de cachaça nas mãos e copos. Cena noturna, tirada em praça pública.
Nela, o filho de um vereador, o sobrinho do presidente do conselho tutelar.
Nenhum guarda para ver essa balbúrdia. E esses jovens entre 14 e 18 anos, da
foto, já foram um dia motivo de imensa dedicação. Finais de semanas dedicados a
eles. Alguns estão lá, estudantes. Cena de rua. Mas lembro que, em 1996, eu vi
a mesma cena dentro da escola, em uma semana cultural em que os alunos bebiam
e, na época, até fumavam. Em 2007, de novo: venda de bebidas em um evento
cultural. A professora que apresentava um teatro parou a cena, disse ao público
que eles não tinham civilidade nem cultura para assistir àquilo, recolheu os
alunos e parou. E os adolescentes em suas batidas e seus quentões, indiferentes
a tudo. E a alegria nos olhos bêbados do atual vice-diretor, porque o serviço
de som tinha voltado a colocar a música vulgar dos cabarés.
A escola assimila esse comportamento, acha natural. Quem
haveria de questionar esses jovens adolescentes que, numa noite de
quarta-feira, bebem cachaça em praça pública e sentem orgulho de mostrar que o
fazem?
Edson, adorei a visitinha no meu bloguinho!Um bom domingo!
ResponderExcluirUm abraço
Pedro
Obrigado pela dica do livro!!!
ResponderExcluirDeve ser legal!
Vou tentar achar ele nas livrarias.
Obrigado pelas visitas!
Um abraço!